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quinta-feira, 28 de maio de 2015

Instituto Silo Cultural inicia parceria com a Angel Vianna Escola e Faculdade de Dança

O Instituto Silo Cultural em parceria com a Angel Vianna Escola e Faculdade de Dança (RJ), convida:






No próximo final de semana, 29 e 30 de maio, acontecerá a primeira ação da parceria firmada entre o Instituto Silo Cultural e a Angel Vianna Escola e Faculdade de Dança. A cada encontro receberemos dois alunos para cumprirem seus estágios discentes. As aulas serão abertas e convidamos todos da área de dança!

*29 de maio (sexta) - 14h30 às 17h30*
O teatro como ferramenta para a criação da dança contemporânea - Jan Macedo.
Os alunos participantes são estimulados a observarem seu próprio material de vida para a criação de cenas teatrais. Cada um, posteriormente, é orientado para a transformação desse material, em dança, respeitando as linguagens possíveis de seus corpos. A oficina tem como objetivo estimular a expressão corporal, incluindo a dramaticidade teatral ao movimento dançando, potencializando assim a comunicação do corpo na realidade contemporânea.



*30 de maio (sábado) – 10h às 13h*
Dança Contemporânea - Rafaela Freitas.
A partir de progressivos exercícios coreografados, são estimuladas a propriocepção e a consciência corporal visando uma maior disponibilidade e propriedade do corpo pelo aluno em movimento.
Apoios, respiração, transferência de peso, equilíbrio, níveis e planos são alguns dos alicerces desta prática em dança contemporânea.
A aula é direcionada a alunos com vivência em dança, iniciante ou intermediária.



Serviço
Local: Instituto Silo Cultural – Rua D, 30, Vila D. Pedro I, próximo ao CIEP.
Necessidades: conhecimento em dança.
Custo: gratuito.

Mais informações: silocultural@gmail.com | (24) 3371-6510


terça-feira, 19 de maio de 2015

APA - O ATLETISMO AFETIVO



É preciso admitir, no ator, uma espécie de musculatura afetiva que corresponde a
localizações físicas dos sentimentos. O ator é como um verdadeiro atleta físico, mas
com a ressalva surpreendente de que ao organismo do atleta corresponde um organismo
afetivo análogo, e que é paralelo ao outro, que é como o duplo do outro embora não aja
no mesmo plano. O ator é como um atleta do coração.
Também para ele vale a divisão do homem total em três mundos; e a esfera
afetiva lhe pertence propriamente. Ela lhe pertence organicamente.
Os movimentos musculares do esforço são como a efígie de um outro esforço
duplo, e que nos movimentos do jogo dramático se localizam nos mesmos pontos.
Enquanto o atleta se apóia para correr, o ator se apóia para lançar uma
imprecação espasmódica, mas cujo curso é jogado para o interior.
Todas as surpresas da luta, da luta-livre, dos cem metros, do salto em altura
encontram no movimento das paixões bases orgânicas análogas, têm os mesmos pontos
físicos de sustentação.
Cabe ainda a ressalva de que aqui o movimento é inverso e, com respeito à
respiração, por exemplo, enquanto no ator o corpo é apoiado pela respiração, no lutador,
no atleta físico é a respiração que se apóia no corpo.



















Pode-se fisiologicamente reduzir a alma a um novelo de vibrações.
É possível ver esse espectro de alma como intoxicado pelos gritos que ele
propaga; se não fosse assim, a que corresponderiam os mantras hindus, as
consonâncias, as acentuações misteriosas, em que o subterrâneo material da alma,
acuado em seus covis, vem contar seus segredos à luz do dia.
A crença em uma materialidade fluídica da alma é indispensável ao ofício do
ator. Saber que uma paixão é matéria, que ela está sujeita às flutuações plásticas da
matéria, dá sobre as paixões um domínio que amplia nossa soberania.
Alcançar as paixões através de suas forças em vez de considerá-las como puras
abstrações confere ao ator um domínio que o iguala a um verdadeiro curandeiro.
Saber que existe uma saída corporal para a alma permite alcançar essa alma num
sentido inverso e reencontrar o seu ser através de uma espécie de analogias
matemáticas.


Textos: Antonin Artaud (O Teatro e seu Duplo)

Fotos nesta postagem: Marta Viana

APA - O prazer do compartilhamento




O teatro que não está em nada, mas que se serve de todas as linguagens - gestos,
sons, palavras, fogo, gritos - encontra-se exatamente no ponto em que o espírito precisa
de uma linguagem para produzir suas manifestações.
E a fixação do teatro numa linguagem - palavras escritas, música, luzes, sons -
indica sua perdição a curto prazo, sendo que a escolha de uma determinada linguagem
demonstra o gosto que se tem pelas facilidades dessa linguagem; e o ressecamento da
linguagem acompanha sua limitação.
Para o teatro assim como para a cultura, a questão continua sendo nomear e
dirigir sombras; e o teatro, que não se fixa na linguagem e nas formas, com isso destrói
as falsas sombras, mas prepara o caminho para um outro nascimento de sombras a cuja
volta agrega-se o verdadeiro espetáculo da vida.
Romper a linguagem para tocar na vida é fazer ou refazer o teatro; e o
importante é não acreditar que esse ato deva permanecer sagrado, isto é, reservado. O
importante é crer que não é qualquer pessoa que pode fazê-lo, e que para isso é preciso
uma preparação.
Isto leva a rejeitar as limitações habituais do homem e os poderes do homem e a
tornar infinitas as fronteiras do que chamamos realidade.
É preciso acreditar num sentido da vida renovado pelo teatro, onde o homem
impavidamente torna-se o senhor daquilo que ainda não é, e o faz nascer. E tudo o que
não nasceu pode vir a nascer, contanto que não nos contentemos em permanecer simples
órgãos de registro.





Stephane Brodt (Amok Teatro) e Carlos Simioni (Lume Teatro)

APA's








O teatro só poderá voltar a ser ele mesmo, isto é, voltar a constituir um meio de
ilusão verdadeira, se fornecer ao espectador verdadeiros precipitados de sonhos, em que
seu gosto pelo crime, suas obsessões eróticas, sua selvageria, suas quimeras, seu sentido
utópico da vida e das coisas, seu canibalismo mesmo se expandam, num plano não
suposto e ilusório, mas interior.
Em outras palavras, o teatro deve procurar, por todos os meios, recolocar em
questão não apenas todos os aspectos do mundo objetivo e descritivo externo, mas
também do mundo interno, ou seja, do homem, considerado metafisicamente. Só assim,
acreditamos, poderemos voltar a falar, no teatro, dos direitos da imaginação. 
Nem o Humor nem a Poesia nem a Imaginação significam qualquer coisa se, por uma
destruição anárquica, produtora de uma prodigiosa profusão de formas que serão todo o
espetáculo, não conseguem questionar organicamente o homem, suas idéias sobre a
realidade e seu lugar poético na realidade.









Comemoração pela vida de Stephane! Parabéns!



Textos: Antonin Artaud (O Teatro e seu Duplo)


Fotos desta postagem: Marta Viana